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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Quem vai parar a Apple?

m outubro, a Fast Company foi às bancas com quatro capas: cada uma delas estampava uma das empresas envolvidas no que chamou de “A Grande Guerra de Tecnologia de 2012“. Em amarelo, Jeff Bezos da Amazon. Em verde, Larry Page do Google. Em azul, Mark Zuckerberg do Facebook. E, em vermelho, Steve Jobs da Apple. Pelo argumento (correto) da revista, as quatro se engalfinharão nos próximos anos para decidir quem domina a internet. Nem saímos do primeiro mês do ano, porém, e já deu para perceber que não vai ser lá uma briga das mais justas. A principal razão é o tamanho adquirido pela Apple. Enquanto os paulistas descansavam no aniversário de São Paulo (isto, óbvio, se você não for um jornalista fechando revista), a empresa divulgou seu balanço dos três últimos meses de 2011 - tradicionalmente o melhor por causa do Natal. Para onde você olha, vê um recorde: receita de US$ 46,3 bilhões, com lucro de US$ 13 bilhões. Foram 37 milhões de iPhones (mais que o dobro do ano anterior, culpa do 4S) e 15,4 milhões de iPads vendidos. E ainda poderia ter sido mais: Tim Cook admitiu que a demanda por iPhones é tão grande que muitos consumidores ficaram de dinheiro na mão esperando o seu no Natal. O resultado foi euforia no mercado: as ações passaram a valer US$ 450, maior valor até então, e a Apple tomou (de novo) da Exxon Mobil o posto de maior do mundo. Esta numeralha toda pode ser traduzida assim: são cifras impressionantes até mesmo para a Apple. Entre os maiores lucros trimestrais de toda história dos negócios, lá está a Apple na quarta posição entre dezenas de balanços bilionários de um rol de empresas energéticas como a Royal Dutch Shell e a própria Exxon. Com resultados seguidos tão bons, a Apple acumulou US$ 97,6 bilhões em caixa. É mais que o valor de mercado de todas as empresas do mundo, fora as 52 maiores, diz o Wall Street Journal. Se compararmos os números com os rivais com os quais a Apple briga, conforme argumenta a Fast Company, eles se agigantam ainda mais. Quer ver? Só o lucro da Apple foi maior que toda a receita do Google, seu grande rival em celulares com o sistema operacional Android, no mesmo trimestre. Dona do Kindle, principal rival do iPad, a Amazon lucrou US$ 631 milhões em 2011, número mais de vinte vezes menor que a cifra da Apple em três meses. A Motorola, aquela comprada pelo Google por US$ 12,5 bilhões (!!), mandou às lojas (o que não quer dizer que foram todos vendidos) 200 mil tablets nos três últimos meses do ano – rememorando, a Apple vendeu 15,4 milhões. E ainda há o mercado chinês mal explorado, a investida em TVs relatada na biografia de Steve Jobs, o aumento de vendas no Brasil com as linhas de montagem nacionais (a isenção para tablets saiu), a tentativa em dobrar o lucrativo mercado de livros educacionais… Fôlego não deve faltar. Para saber realmente o poder da tríade de inimigos imaginada pela Fast Company, teremos que esperar mais alguns dias, quando o Facebook abrirá suas ações na Nasdaq. É óbvio que existem áreas dominadas pelos três onde a Apple não atua – comércio eletrônico, mapas, busca, redes sociais. A questão é que a empresa está tão grande (e continua crescendo tão rápido) que imaginar uma briga de igual para igual com Facebook, Google ou Amazon é um delírio. Se há alguma chance de parar a Apple, ela está em uma briga que congrega todos contra ela. 4 COMENTÁRIOS Samsung e Apple: entre tapas e beijos TER , 6/12/2011 GUILHERME FELITTI NEGÓCIOS, GADGETS E INVENÇÕES TAGS: APPLE, GALAXY, IPHONE, SAMSUNG, SMARTPHONES, TABLETS É como o refrão do clássico de Leandro e Leonardo: uma hora, Apple e Samsung estão trocando beijos. Na outra, sopapos. As duas empresas que melhor se saíram nas profundas mudanças no mercado de telecomunicações dos últimos dois anos sofrem de uma relação bipolar, na qual dividem relações comerciais próximas e processos milionários na Justiça. Começa com o iPhone. A Apple não o produz. Na verdade, a Apple não produz nenhum dos seus aparelhos. Todos são montados por terceiros a partir de componentes comprados de terceiros. É a taiwanesa Foxconn, aquela que anunciou investimento bilionário no Brasil neste ano, a responsável pela montagem. A Samsung entra aí. Levantamento da consultoria iSuppli (brilhantemente ilustrado pela Economist) mostra que itens fundamentais do iPhone, como o processador de aplicativos e a memória, são dela. A relação é simbiótica: a Apple compra componentes a um preço baixo, diminui o custo de produção do aparelho e consegue uma margem de lucro grande. Com os milhões de componentes vendidos, a Samsung ganha escala para produzir seus próprios aparelhos. Perdida entre outras empresas semelhantes com aparelhos pouco atraentes, a Samsung virou a rival a se combater. Nenhuma outra empresa de celulares pegou melhor o vácuo da Apple que a Samsung. Os números do IDC deixam isto claro: 5,6% dos smartphones vendidos no mundo no segundo trimestre de 2010 eram seus. Um ano depois, eram 16,2%. No último trimestre, a Samsung destronou a Apple e virou a maior vendedora de smartphones do mundo, segundo a Strategy Analytics. Apoiado pelo sucesso do sistema Android, a linha Galaxy representa o melhor obstáculo ao avanço do iPhone. Não à toa, o Google se aliou à Samsung neste ano para produzir o Nexus, seu smartphone “oficial” mais moderno. O amor azedou e os sopapos começaram em abril. O problema está nas patentes. A Apple suspeitou que muito do sucesso da Samsung vinha da relação comercial muito próxima. É quase um jogo de cartas marcadas: a Apple começou e, instantaneamente, a Samsung processou de volta. Uma alega que a outra infringiu uma determinada patente em um determinado aparelho. Algumas patentes são tão fundamentais “que é difícil criar um sistema moderno sem infringil-as”, afirma Florian Mueller, advogado alemão especializado na área, em entrevista para a edição de setembro da ÉPOCA Negócios. As vitórias são pequenas para cada um dos lados conforme a legislação dos países onde os processos são iniciados. Na Alemanha e na Austrália, por exemplo, o tablet Galaxy foi banido das lojas por ser parecido demais ao iPad. Nos Estados Unidos, não. Os americanos consideram o movimento de dedo na tela para destravar o smartphone uma patente. Os holandeses, não. É uma briga imprecisa, cara e sem previsão de terminar que envolve todos os grandes fabricantes. Os dois maiores, porém, nem sempre estão aos tapas – a dupla goiana já definiu esta relação melhor que ninguém.

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